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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Carta de um Falecido


A morte veio de supetão me levando direto para um caixão
Só conseguia ouvir o padre me dando a benção
E comigo pensava: - A está hora deve ser em vão.
Conseguia ouvir minha mãe suplicando minha ressurreição 
- Pobre coitada, não sabe que minha alma está condenada.

O primeiro dia foi o mais angustiante nada conseguia mover, a não ser minhas mãos calejantes
Não sentia fome, sede e muito menos sono, a única sensação era um frio constante
Os dias se passaram e de dentro do meu caixão eu podia ouvir todas as orações de meus familiares amigos e alguns irmãos.

Por suas rachaduras a terra caia sob meu rosto
Há esta hora apenas sentia desgosto por estar morto
- Que maldição, eu confinado em meu próprio caixão!
Era dia da minha missa de sétimo dia. “Que alegria”
Poderei me libertar dessa agonia. Mas não!
 A missa se encerrou e da mesma maneira meu cadáver ficou!

Os dias se passaram e as orações se cessaram
Não ouvia mais um “Pai nosso” muito menos uma “Ave Maria”
Já sentia os vermes se moverem por dentro de minha espinha
E a cada dia sentia mais agonia, eu não dormia eu não comia.
Eles não lembravam mais de mim, não sentiam mais minha falta!
Suas únicas lembranças eram guardadas em retratos empoeirados
Os anos se passaram e só no dia dos finados eu me sentia amado
Eles vinham porém logo partiam, deixavam uma coroa de flores
Mas nenhuma gota de alegria.

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