As Cinco da tarde, já eram de costume.
Eu deitado no sofá rasgado
Ouvia o bater, o ranger.
O som daquele portão enferrujado
Fazia me estremecer
Corria até a porta
Você me dava um beijo de aprovação
Meus olhos inocentes
Não percebia tamanha felicidade
O simples ranger de um portão
Anunciava a tua chegada.
Minhas pequenas pernas
Corriam desengonçadas
De encontro a ti
Era a hora mais esperada
O som percorria por toda casa
Jogava-me do sofá
Enchia-me de alegria
O tempo veio de surpresa
Afastou-te de mim
E o ranger não é o mesmo
Ele continua enferrujado
Porém não existe mais surpresa
As lembranças se dissipam
E o ranger apenas é do meu coração
Sabendo que diante daquele portão
Nunca mais terei a tua aprovação.