Translate

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Anacrônico


Eu cheguei até aqui sem ao menos perceber 
que fui deixando meus cacos pelo caminho. 
realmente cheguei a acreditar que seria forte, 
para caminhar em sua direção novamente.
O tempo foi mudando tudo, não percebi.
Que tudo não era como antes.
Girando, Girando e chegando ao mesmo lugar
É triste estar entre esses dois mundos
sem saber em qual irei sobreviver.

A saudade, como uma navalha dilacerando a cada lembrança
é difícil acreditar novamente em tudo
O tempo como um ceivador
eu voltarei para casa com as malas vazias
e as lembranças me perturbarão enquanto eu estiver em pé
Estarei em qualquer outro lugar
Girando, Girando e chegando ao mesmo lugar
É tão difícil acreditar depois de tantas voltas 
Girando, Girando e chegando ao mesmo lugar.

A saudade como uma navalha dilacerando a cada lembrança
O tempo um ceivador
Minhas forças se esgotando a cada lágrima 
Estarei em qualquer lugar 
Girando, Girando e chegando ao mesmo lugar.

sábado, 27 de setembro de 2014

Portão Enferrujado

As Cinco da tarde, já eram de costume.
Eu deitado no sofá rasgado
Ouvia o bater, o ranger.
O som daquele portão enferrujado
Fazia me estremecer
Corria até a porta
Você me dava um beijo de aprovação

Meus olhos inocentes
Não percebia tamanha felicidade
O simples ranger de um portão
Anunciava a tua chegada.

Minhas pequenas pernas
Corriam desengonçadas
De encontro a ti
Era a hora mais esperada
O som percorria por toda casa
Jogava-me do sofá
Enchia-me de alegria

O tempo veio de surpresa
Afastou-te de mim
E o ranger não é o mesmo
Ele continua enferrujado
Porém não existe mais surpresa

As lembranças se dissipam
E o ranger apenas é do meu coração
Sabendo que diante daquele portão
Nunca mais terei a tua aprovação.

domingo, 7 de setembro de 2014

Te Perdôo


Te perdôo pelo meu abandono
Pelos caminhos errôneos
Os tristes desencontros
Por todas as noites mal dormidas
E todas as minhas feridas.

Volta, não precisa fugir.
Não precisa mentir também não me conte a verdade.
Volta, preciso de teus carinhos aborrecidos.
Dos dias em que se encontra enfurecido
Das horas em que me destrói
Preciso de seus espinhos que acariciam meu corpo
Grite novamente que serei sempre teu estorvo
Que não precisa mais de mim.

Te perdôo por ter partido e nunca ter escrito uma linha qualquer
Te perdôo por ter mentido, e ter fingido me amar.
Te perdôo por ter me enganado e ter me abandonado.
por ter gritado ao mundo que nunca me amou.

Só não te perdôo pelos beijos que me deu
Pelas promessas que esqueceu
E pelos braços ao qual você se perdeu..

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Frederic Chopin - Marcha Funebre

Teu Amor

Escrito em 8 de Agosto de 2010


Eu avistei uma criança doente
ela sorriu para mim
eu pude vê-la apodrecer e cair
ninguém evitou sua morte
teu amor é uma criança doente
Então quando você estiver morrendo, eu sorrirei e gritarei
O amor é uma criança doente
Assim eu pude perceber que a morte deixa as coisas mais doces
não posso evitar que meu coração pare
Você injetou todo seu amor estragado, em mim.
O amor é como uma criança doente (eu ainda posso escutar seu choro) 

Cante-me uma canção de ninar, enquanto corta meus pulsos
me coloque para dormir, deixe-me morrer.
E no silêncio da noite, meus gritos não serão ouvidos e
no amanhecer do dia tudo estará acabado.

O amor é uma criança doente
Eu vi queimar em meu interior todo seu amor.
Ele apodreceu dentro de mim.
Tire meus melhores pedaços e forme um boneco.
Teu escravo, teu afago.
mas não me deixe muito tempo fora da geladeira
porque estou á apodrecer (ela chora sem parar) 
Você tem que aprender a sorrir enquanto mata.
Você tem que aprender a amar enquanto morre
O amor é como uma criança doente.
Pobre, frágil e inocente.

domingo, 17 de agosto de 2014

Segunda-Feira



O vazio dos corações está completado na virtualização do amor, onde não se pode abraçar, onde os olhos não se cruzam.
Você anda tão apressado em chegar no horário, está sempre tão apressado que não percebe nada ao seu redor.
Nunca existe tempo para as coisas que “não são lucrativas”, porque todo o resto é besteira!
Você deseja algum tempo, porém quando o tem se vê preso em um tédio que inflama toda sua alma.
Os abraços se tornam desagradáveis porque amarrota sua camisa, as visitas se tornam indesejáveis, elas desarrumam sua casa, teus filhos se tornam um fardo, quase impossíveis de serem carregados.

E toda beleza que é viver acaba em plena segunda feira, porque é dia de lutar ou morrer, você acha que é uma repetição de um ciclo, mas é o recomeço, é uma nova chance de mudar as coisas. Cada dia, cada minuto e segundo tudo é um recomeço.
Mas nunca estará feliz, nunca estará satisfeito! Vivendo em uma mansão ou morando em um beco.

Você tenta preencher todo esse vazio com noitadas, mas apenas encontra pessoas como você! Vazias.
E é nesse ciclo vicioso que sua alma vai adoecendo, a amargura se instala sobre teu coração machucado.
Vai doendo os poucos que nem tu percebes, vai atingindo sua fé, tudo se torna monocromático e mentiroso, até que quando menos perceba lhe atinge em cheio, e você se vê em um mundo em que tu nem acreditava que existia.

A razão de viver é esquecida e nada mais parece fazer sentido, tudo o que você conquistou nada disso vai lhe confortar e muito menos o tempo que tu gastasses vai regredir, tua alma morre, mas você continua a sentir tudo.
São tempos difíceis de superar.
Pelas ruas a devastação da misericórdia se inicia com um grito de quem já não tem nenhuma chance
É difícil prever quando será seu ultimo suspiro, é difícil pensar que tudo pode acabar um dia.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sobre a Mesa



Seus olhos como chamas 
Me despindo, me obstruindo 
Tuas mãos me acariciam 
Despindo minha decência 
Roubando minha inocência 

Sob a mesa 
Sou servido 
Brutalmente me desonrando 
Não estou no comando

Suor sobre a pele 
Lavando nosso pecado
Estou preso em seu falo
Poeticamente sendo penetrado

Teus músculos 
Meu escudo 
Teu afago
Me contraio 
Sob a mesa 
Sou servido 
Engolido, cuspido
Tua erupção 
Minha redenção 





domingo, 1 de junho de 2014

A Massa



A massa tão maltratada, pobre coitada 
Tão incompreendida tão massacrada
Existe resistência para liberação 
Não sabem que a ameaça é a água do cão

Parem de coibir e deixem a massa livre para a população
Temos o direito de fumar, ou não!
Quantas vidas são perdidas com o mercado?
Morrem usuários e garotos de recado
O álcool o cigarro não são os vilões nesse cenário?
Nessa onda de exércitos lícitos 
Caixões são embalados e vendidos 

Fecham os olhos para as estatísticas que só mostram melhorias 
Ela é aliada dos enfermos e do cultivo da poesia 
Parem de se enganar abram sua mente e venha junto com a gente
A massa não mata muito menos danifica ela é calmante ela é vida

Para que tanto medo?
Se o pior já está espalhado entre os becos
Vestidos de branco em forma de pedra 
Isso sim é uma tragédia 

Liberem a massa para a população 
Mudem logo essa legislação 
Se não é legalizada ela será comprada
Da mão de um traficante ou da transgressão de um estudante

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Sete Dias


           
“Ó linda lua, ó estrela guia, traga minha pessoa amada em sete dias”

O circulo está feito cinco velas e um desejo
A lua derrama sua luz sob a escuridão
Que você me veja em seu coração
Oxum escute minha oração
Traga-me aquele coração

O ritmo dos tambores energiza meu corpo
Ao centro do circulo eu me encontro
Libertando toda energia negativa que te impede de me amar
Danço em volta do circulo
Você é tudo o que eu preciso
Venha me banhar em teu amor
Não resistirá ao meu dispor
Sete dias são tudo o que eu preciso
Até que meu desejo seja concedido
Levanto a Oxum minha oferenda
Não demore a trazer minha encomenda


“Em sete dias serei procurado, teu corpo me será ofertado
Teu coração estará encarcerado
Em sete dias rastejarás em meus pés
Sem nenhum pudor, não te faltarás amor
Sete dias são tudo o que preciso 
Até que seu coração esteja preso comigo
Não haverá barreiras eu te invoco minha alcoviteira
Está paixão está lançada as estrelas
Estrela guia traga minha pessoa amada em sete dias”.

O rito já foi lançado
Teu coração já foi laçado
O circulo foi fechado
Teu amor, nosso amor como dois escravos.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Carta de um Falecido


A morte veio de supetão me levando direto para um caixão
Só conseguia ouvir o padre me dando a benção
E comigo pensava: - A está hora deve ser em vão.
Conseguia ouvir minha mãe suplicando minha ressurreição 
- Pobre coitada, não sabe que minha alma está condenada.

O primeiro dia foi o mais angustiante nada conseguia mover, a não ser minhas mãos calejantes
Não sentia fome, sede e muito menos sono, a única sensação era um frio constante
Os dias se passaram e de dentro do meu caixão eu podia ouvir todas as orações de meus familiares amigos e alguns irmãos.

Por suas rachaduras a terra caia sob meu rosto
Há esta hora apenas sentia desgosto por estar morto
- Que maldição, eu confinado em meu próprio caixão!
Era dia da minha missa de sétimo dia. “Que alegria”
Poderei me libertar dessa agonia. Mas não!
 A missa se encerrou e da mesma maneira meu cadáver ficou!

Os dias se passaram e as orações se cessaram
Não ouvia mais um “Pai nosso” muito menos uma “Ave Maria”
Já sentia os vermes se moverem por dentro de minha espinha
E a cada dia sentia mais agonia, eu não dormia eu não comia.
Eles não lembravam mais de mim, não sentiam mais minha falta!
Suas únicas lembranças eram guardadas em retratos empoeirados
Os anos se passaram e só no dia dos finados eu me sentia amado
Eles vinham porém logo partiam, deixavam uma coroa de flores
Mas nenhuma gota de alegria.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Eu queria


Eu queria poder acordar todos os dias com um belo sorriso
Beber meu café ainda quente enquanto o dia resplandece
Abrir minha janela e deixar o sol entrar
Ouvir um bom dia saindo da sua boca enquanto me beija

Eu queria andar por aí descalço
Observar as crianças indo para a escola enquanto choram ao se despedirem de sua mãe
Sentir a brisa leve do outono levando as folhas para longe
Me sentar na praça ao lado de alguém e escultar sua história de vida
Bom mesmo seria se eu pudesse ler todos os livros já escritos
Abraçar todos que necessitam de esperança

Eu queria era passar todos os dias por um caminho diferente
Poder chegar ao trabalho e ver todos contentes
e no final do dia ainda ter disposição
Queria assistir o noticiário e ainda poder dormir em paz

Eu queria olhar o céu e contar todas as estrelas
Ver a lua vigiando cada uma delas, como uma grande mãe
Prazeroso seria poder deitar ao seu lado e ouvir como foi seu dia
Conversar sem me preocupar com o relógio
Como eu queria, que meus olhos pudesse ver tudo isso como em um filme de romance.





quarta-feira, 12 de março de 2014

Maleável Traição


Paris, 1969

Claire penteava seu longo cabelo em frente á penteadeira, enquanto observava como ela era bonita, seu cabelo ruivo davam um ótimo contraste a sua pele branca, feito neve que caia lá fora, seus olhos azuis davam um ótimo acabamento a seu olhar forte, seu nariz levemente empinado era uma sinfonia perfeita ao restante de seu rosto que junto combinavam com seu corpo magro, porém de seios fartos. Ela herdou essa beleza única de sua mãe, Mabelle que por vez tinha apenas trinta e nove anos.

Claire esperava seu noivo Hector que estava prestes a se casar, era sua oportunidade de salvar ela e sua mãe da pobreza, já que seu pai havia morrido quando Claire ainda era um bebê, de uma febre desconhecida, deixando uma razoável herança para ela e sua mãe, mas que ao longo dos anos foi se esgotando. A morte de seu pai sempre foi um mistério para ela, já que sua mãe evitava falar sobre o assunto. Mabelle ficou viúva cedo, desde então nunca mais arrumou outro homem para compartilhar sua vida. Claire estava muito satisfeita com seu casamento, embora se casasse com Hector pelo seu dinheiro, ela o amava de corpo e alma.

Claire sempre foi uma mulher sedutora, tudo o que ela desejava ela conseguia através de sua beleza. Já havia se deitado com inúmeros homens, todos da alta sociedade francesa, porém tudo era encoberto pelo sigilo de uma sociedade austera. Apesar de não ser mais moça, conseguiu seduzir Hector pela sua beleza e encanto. Com vinte e um anos, já era hora dela se firmar em um relacionamento mais sério. Embora a família de seu noivo no começo fosse contra o casamento, pelo fato de Claire não ser uma mulher de família tradicional francesa. Todos hoje estavam satisfeitos e alegres, Claire já havia seduzido todos de sua família que hoje caia o riso quando á encontrava.


Claire havia preparado um pequeno jantar para seu noivo, ela queria aproveitar aquela noite fria e densa, já que sua mãe teria partido de viagem para visitar uma tia sua que estava muito doente.
Ela vestiu seu mais belo vestido, um vestido vinho de veludo que descia até o final de seus pés, suas mangas curtas deixavam á mostra seus braços brancos e finos. Por hora pensou que o vestido era muito recatado por apenas deixar levemente seu colo amostra, mas depois de algumas taças de vinho o vestido seria apenas uma peça fácil de tirar.
A campainha toca, ela olha no espelho pela última vez, uma leve ajeitada em seus cabelos e desce ligeiramente as escadas de sua enorme casa ao qual ela e sua mãe viveram toda á vida sozinhas.   

Um abraço, um pequeno beijo, Hector entra. Claire enche os olhos ao vê-lo. Sinceramente era o homem mais bonito e mais intenso que ela havia se relacionado.
Hector era um homem de físico forte, e com tantas camadas de roupas parecia dobrar de tamanho, foi tirando alguns casacos logo estava livre de tanto volume.
- Que frio que faz lá fora, mais um minuto e eu congelaria, diante de sua demora a atender a porta!
Claire não percebeu o tom de irritação que seu noivo falava, o abraçou e com um beijo e um leve aperto entre suas pernas, sussurrou em seu ouvido.
- Se você congelasse, eu o aqueceria com meu amor.
Ele deu um leve sorriso, e como Claire amava aquele sorriso, um sorriso torto sem qualquer naturalidade, mas que fazia ela se derreter.
Ele puxou de dentro de um de seu cassaco uma garrafa de vinho, estendendo para sua noiva.
- É da melhor safra. Hoje é dia de comemoração!
Claire olhou curiosa, não tinha em mente o que aquela data teria em especial para os dois.
-Comemorar? O que iremos comemorar hoje?
Ele esquivou seus lindos olhos verdes ao encontro de Claire, observando pela janela á neve cair, sua mente parecia longe, com um tom sério e um longo suspiro, ele quase cochichou.
- Vamos jantar, quando for o momento eu lhe explicarei.

Claire não entendia o mistério que seu noivo a reservava, mas não queria estragar aquela noite com perguntas que poderiam deixar- ló irritado. Ela pegou nas enormes mãos de seu noivo e o conduziu passando por um longo corredor, até chegar até a grande sala de jantar.
- Preparei seu prato favorito. Carneiro! E pelo o que percebo adivinhei, já que hoje é um dia de comemoração!
Ela se sentia uma criança, perto de Hector, nunca havia se apaixonado tão intensamente por um homem.
- Ótimo meu amor... Carneiro, um belo vinho e você! O que mais eu poderia querer nesta noite?!
Claire sorria, estava boba, mesmo sendo uma mulher experiente isso não á impedia de ficar de pernas arriadas diante dos cortejos de seu noivo.

Enquanto ela servia o jantar, percebeu a inquietação de Hector, de pé em frente a grande janela que ficava na lateral da sala, ele observava lá fora.
-O que está havendo com você? Parece-me um tanto preocupado?
Claire não queria ser inconveniente, sabia o quanto ele se irritava ao ser questionado sobre sua vida, ele era um homem que escondia alguns segredos, ela havia notado isso, mas ela não poderia o questionar, porque ela sabia que seu passado era cheio de segredos, e assim como ele não queria que alguém ficasse questionado o que se passava em sua vida.

Claire foi até a cozinha intrigada na forma estranha que seu noivo se encontrava por hoje, pegou duas taças, e se espantou ao ver o óculo de sua mãe sobre a pia. “Que estranho! Mamãe viajar sem seus óculos”.
Claire servia o jantar, enquanto Hector calado permaneceu, ficou apenas á observar um quadro de sua mãe no alto da parede da sala de jantar. Olhando fixamente para o quadro, com um leve sorriso no rosto ele mal piscava os olhos.
-Ela se parece muito com você, Claire!
Ela por um instante olhou para o quadro de sua mãe. Observava como ela era bonita, apesar de ser mãe tinha a beleza de uma moça, seus cabelos ruivos caídos sobre seus ombros deixava seu rosto leve, seu olhar forte e sua boca rosada tornava seu rosto uma pintura hipnotizante.
Claire serviu o jantar, e ainda continuava inquieta pelo modo que seu ele se encontrava, sempre muito falante, essa noite ele continuava calado.

Hector serviu o vinho. Sua noiva estava faminta, enquanto comia o carneiro, dava pequenos goles no vinho, um vinho seco, sem nenhuma doçura, mal descia por sua garganta.
O frio lá fora, teria congelado o coração de seu noivo? Claire o observava enquanto comia, ele revirando a comida com o garfo, mal tinha comido e não havia bebido nem uma gota daquele vinho.
- Claire. Existe algo que preciso lhe contar.
O carneiro desceu rasgando pela garganta, Claire olhou preocupada, deu um gole no vinho.
- O que houve Hector? Desde sua chegada percebo o seu inquietamento.
Ele olhava friamente para ela, seu olhar atravessava o dela.
- Claire por muito tempo eu lhe amei, mesmo com alguns boatos sobre sua reputação, mesmo com meus pais no começo de nosso noivado sendo contra, mesmo assim eu lhe amei! Sempre lutei pela nossa felicidade, e para que ficássemos juntos!
Claire não entendia onde seu noivo queria chegar, o interrompeu atropelando as palavras.
- Hector... Eu.. Eu... Não entendo aonde você quer chegar? O que está havendo?
Ele colocou as suas mãos sobre a sua cabeça e em um suspiro vomitou todo seu segredo.
- Eu amo outra mulher! E não poderei me casar com você!
Claire pulou da cadeira, aquelas palavras esbofetearam seu rosto. Seus olhos cheios de lágrimas revelaram uma mulher furiosa.
- AMA OUTRA MULHER? COMO PODE SER TÃO CAFAJESTE! ESSA ERA A SURPRESA QUE TANTO ME GUARDAVA?
Hector sentado ainda á mesa, não esboçou qualquer reação.
- Claire, eu me apaixonei por essa mulher, assim como me apaixonei por você! Sem motivos, sem interesses, simplesmente aconteceu. Não foi uma ESCOLHA, simplesmente aconteceu!
Claire sentia uma leve tontura, cada palavra que seu noivo cuspia, lhe atingia ferozmente. 
A discussão foi interrompida pela á porta da sala que se abria lentamente.
Entre as lágrimas e a leve tontura que Claire sentia, ela fixou o olhar diante á porta, começou a ver nitidamente uma silhueta. Aquele rosto era familiar, aqueles cabelos...
- Mamãe? – Claire tentou ir de encontro a sua mãe, e chorar em seus braços, mas estava muito tonta para se quer dar algum passo á frente.

Mabelle foi caminhando lentamente em direção a Hector. Claire ainda atordoada não entendia o que estava se passando.
Mabelle chegou por trás de Hector, entrelaçou suas mãos sobre ele, e levemente beijou sua testa.
Claire segurava-se em uma cadeira, sua cabeça estava rodando, cada vez mais aquela sala ia se estreitando.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO POR AQUI?  MAMÃE VOCÊ NÃO HAVIA VIAJADO?

Mabelle caminhou até sua filha, sem dar uma palavra ajeitou seus cabelos como de costume, se inclinou levemente e beijou sua testa.
- Calma, minha filha. Tudo ficará bem, não se preocupe. Mamãe está aqui.
Claire estava atordoada, sua tontura aumentava a cada instante, sentia uma falta de ar em seu peito, seu coração estava acelerado, há qualquer momento saltaria de sua boca.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?  
Levando a mão a sua boca para não vomitar, ela se apoiou sobre a mesa deixando algumas louças caírem.
Hector se levantou da mesa, caminhou em direção a sua sogra, passou um braço entre seu pescoço e á trouxe para perto de si.
- Claire, eu estou apaixonado... Por sua MÃE!  
 Por um instante Claire pensou que estava em um pesadelo, mas sua ânsia de vomito deixou bem claro que aquela cena que presenciava era uma dura realidade.
Sua mãe não esbanjava qualquer emoção, apenas observava o desespero de sua filha.
-Minha princesa, eu e Hector estamos apaixonados, ele não lhe ama mais, a vida é assim! Algumas vezes ganhamos, outras perdemos!
Claire não segurava suas lágrimas, não conseguia imaginar seu noivo e sua mãe juntos, compartilhando o mesmo amor.
- COMO VOCÊ PODE FAZER ISTO COMIGO MAMÃE? COMO PODE SE APAIXONAR PELO MEU NOIVO?
Mabelle abraçou sua filha, enquanto sua respiração ficava cada vez mais difícil.
- Minha princesa. Não escolhemos a quem amamos... Simplesmente amamos. Eu e Hector nos apaixonamos e ficaremos juntos para sempre. Mais para que isso aconteça você terá que sair de nosso caminho.
Ligeiramente Claire escapa dos abraços de sua mãe, só poderia ser um pesadelo. “Sair de nosso caminho”. Aquelas palavras martelavam em sua mente,” sair?”. De que maneira?!
Claire perdida olhou fixamente para o vinho que se noivo havia á presenteada. Mas é claro!
Em um gesto de desespero ela pegou a garrafa de vinho e o atirou na parede, fazendo uma enorme mancha na sala de jantar.
- VOCÊS ME ENVENENARAM?  COMO PUDERAM FAZER ISSO COMIGO? MAMÃE, EU SOU SUA FILHA!
Estava ficando cada vez mais difícil para ela manter sua consciência, tudo naquela sala estava a pairar. Claire tentou correr, mas foi impedida pelo corpo de Hector que tapava toda a porta.

Mabelle aproximou-se de Claire, lhe abraçou, pode sentir os batimentos de sua filha aumentarem, alisou seus cabelos enquanto Claire ia caindo lentamente, agora mãe e filha estavam abraçadas no chão.
- Você terá apenas uma pequena febre filha, não se preocupe... Nada de dor, nada de sofrimento, assim como foi com seu pai. A voz de sua mãe ficava cada vez mais longe, cada vez mais longe...
Claire lutava fortemente para respirar, olhava para sua mãe com desespero, parecia pedir ajuda, enquanto Mabelle cantava uma canção que sempre cantava quando Claire era criança, e ficava com medo do “bicho papão”. Embora a única ameaça que a rondava era sua própria mãe.
Sua pele branca agora estava sem vitalidade, seus olhos entre abertos não expressava qualquer vestígio de vida, seu corpo estava rígido pelo veneno que em suas veias correram, Claire caída no chão, com seu melhor vestido e morta por dois amantes.  
Hector se aproximou de Mabelle á levantou do chão, abraçou carinhosamente, com um beijo longo e ardente isso á convenceu da escolha certa que fez.
- Agora podemos ser livres, meu amor.
Mabelle suspirou, olhou para o corpo de sua filha caído no chão naquela sala. Ela ainda continuava tão bonita.
- Agora sim... Livres!


Dentro daquela sala dois amantes se amavam em cima de uma mesa de jantar, se entrelaçando ardentemente, um aquecendo o outro, os gemidos de prazer se misturavam com as badaladas do relógio que marcava dez horas. O corpo da bela jovem repousava sobre o chão gelado, morta por dois cúmplices. Claire provou do arriscado amor e dá maleável traição.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Não mais


Não choro mais. Não fico mais despejando ligações enquanto você ignora meus chamados, eu não sou mais aquele que olha para a porta a cada cinco minutos, e enquanto você não chega eu me enforco em meus pensamentos possessivos. Eu não me arrastarei para seus pés implorando gotas de seu amor.

Eu me levantei e estou na sua frente, não existe mais "só você" eu também estou aqui, chega de lágrimas e noites perdidas. Limpei meus olhos, tirei as algemas, em seu ouvido sussurrei: " Fique a vontade para ficar, mas também não lhe impedirei se quiser sair"

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Efeito Furacão



O sol entra pela janela anunciando o dia, já são dez horas. Deveria ter bebido mais noite passada, a ressaca de algumas doses de vodca é mais forte que a de todo o litro. As louças do jantar ainda estão sujas, deveria ter lavado noite passada.

Ele ainda dorme, com sua consciência leve feito pena, eu deveria saber que homens como ele não tem remorso. Seu telefone insistentemente toca, mesmo assim ele não desperta, sua mente deve estar acostumada com essa situação.

Pego o telefone, êxito em atender, “Amor” mais é claro!!! Quem poderia ligar a está hora em pleno domingo?! Desliguei... Não aguentava mais ouvir aquela música chata, eu deveria fazer o engolir, jogar na privada ou mesmo atender e dizer toda a verdade para aquela que era enganada quase todos finais de semana, mas é claro que ela já desconfiava de algo, uma mulher não poderia ser tão burra assim.

Ele levanta rapidamente colocando suas roupas, aquela cena já era típica. Se vestirá, escovará seus dentes com a escova que eu o comprei há alguns meses, me dará um beijo e vai dizer que vai me ligar, só que as horas passarão alguns dias, até que em uma noite de sábado meu telefone irá tocar, ele vai estar bêbado em algum bar da cidade, provavelmente não arrumou alguma mulher que a se deixou seduzir pelo papo barato dele, a última alternativa é vir aqui, transar comigo ardentemente, enquanto eu penso que ele será meu, algum dia, mesmo eu sabendo que o tenho só por algumas horas. Ele vai estar tão bêbado que assim que terminar seu gozo se deitará e vai cair em um sono profundo, nem uma palavra, um beijo ou um abraço. O quarto ficará em silêncio, eu demorarei a dormir enquanto o observo.

Eu sabia que não poderia mais deixar aquilo acontecer, essa sensação de perda toda vez que ele ia embora me assustava, eu não poderia viver esperando uma ligação, ser dependente de um sexo tão traiçoeiro como o dele, tudo tinha que acabar eu tinha que me libertar.


Ele me encara preocupado, sem ao menos perceber minha irritação.
   - Que horas já são?

 - Hora de você ir embora... Acho que você deve explicação a alguém!

Ele me olha sem entender, sua mente ainda estava abalada pelo álcool.
  - Não estou entendendo o que você quer dizer... Você viu minhas chaves?

Meu olhar de reprovação só o deixava confuso, mas é claro nunca o cobrei, nada de explicação, nada de telefonemas, talvez esse tenha sido meu erro.
  - Eu aposto que você deve dar cada desculpa esfarrapada para ela, vai dizer o que? Que bebeu demais e achou melhor dormir na casa de um amigo? Ela deve ser muito burra mesmo para acreditar em um homem que passa quase todos finais de semana dormindo fora de casa!

Minhas palavras saiam atropeladas, eu tinha muita coisa entalada na garganta, minhas mãos suavam e estranhamente eu tremia, meu corpo tremia. Enquanto eu falava ele me ignorava procurando suas chaves, revirando minha casa ao avesso, assim como fez em meu coração!
  - Eu devo ter deixado elas...

Eu queria mata-lo.
  - ME OUÇA!

Minha voz saiu tão firme e alta que até me assustei, não era minha intenção usar esse tom, não queria demostrar meu descontentamento.

Ele me olhou assustado, acho que não estava entendendo nada.
 - Diga, estou lhe ouvindo! O que está acontecendo com você? Você sabe que nós...

O interrompi não podia ouvir o que ele iria dizer! Eu não poderia deixa-lo me machucar ainda mais.
  - Eu me envergonho por você, eu não sei como alguém pode colecionar tantos defeitos assim. Diga-me como é dormir todo dia em uma cama diferente? Como é sair de casa sabendo que você vai ferir alguém que lhe ama? Me diga como é vir aqui, transar comigo e simplesmente me esquecer o resto da semana?!

O olhar dele agora me atravessava, obviamente estava perturbado. Ele se aproximou, eu pude sentir o calor do seu corpo e o cheiro do cigarro que ficava em sua roupa. Estranhamente eu senti medo, um frio na barriga. Ele me olhou fixamente, o que fazia o frio da minha barriga só aumentar.

  - Você também poderia me dizer... Como é dormir com alguém que você sabe que não vai ligar no dia seguinte, como é dormir com alguém que sai de casa para ferir alguém que lhe ama, como é dormir com alguém que pula em cama em cama? Me diga, vamos lá... Não se faça de vítima. Acho que a vodca de ontem não lhe fez bem.

Meus olhos cheios de lágrimas só deixavam evidente meu descontrole emocional, embora eu soubesse que ele tinha razão, eu fazia parte do que eu mesmo desprezava, eu não podia reclamar algo que não era meu. Eu nunca tinha demostrado o que eu sentia por ele, e das poucas vezes que tentei, ele se desviava, eu sabia que ele era do tipo que não gostava de romantismo. Minhas pernas ficaram bambas e minha voz baixa.

Tirei as chaves de meu bolso. Seu olhar me queimava, mas eu não sentia medo, eu queria que ele me esmurrasse que ele me ferisse, eu queria que ele me agredisse mais do que ele fez hoje.

  - Aqui estão suas malditas chaves! Fique a vontade para sair, mas não para voltar!

Em um gesto rápido e rude, ele tirou das minhas mãos as chaves, sem nem sequer olhar em meus olhos ele se virou, ajeitou o cabelo no espelho, enquanto eu imóvel fiquei, a última coisa que me lembro foi do estrondo que a porta fez quando ele a bateu.

Seu cheiro estava por toda a casa, eu me odiava por ter me permitido viver algo tão sujo, eu também o odiava por ter ido embora, estava tudo morno tudo calmo, apenas os ruídos do meu choro enquanto observava seu carro ir embora.

Ele foi como um furação chegou calmo como um brisa leve que refresca seu rosto, foi se tornando mais intenso e quando chegou ao extremo, chegou destruindo tudo, e levando o que eu tinha de mais importante, o meu amor.



sábado, 4 de janeiro de 2014

Diga-me




Diga-me quanto tempo temos 
Até que a tempestade leve tudo?
Aonde você esqueceu nosso manuscrito
Eu tinha anotado todas as regras, e canções.


Desenterre toda a sua ternura
E finja não se importar com todos meus vícios.
Eles são alguns caprichos que eu não posso deixar de gostar


Eu não posso deixar de amar 
Essas canções me fazem querer gritar
Não me diga que não temos muito que fazer
Eu já escolhi a próxima viagem, a próxima tatuagem. 
Eu sei que você não chegou numa carruagem
Mas para mim é o suficiente.
Você está em meus planos, ardendo aqui dentro.


Diga-me que o pouco é insuficiente 
Porque o que eu sinto transbordou em mim
Diga-me que hoje desligaremos os telefones 
E que viajaremos para Londres, apenas para ver o sol nascer.


Eu sei são pensamentos insanos, mas você sempre esteve em meus planos.
Diga-me o que trouxe aqui?
Foi sua vontade de falar ou você só veio para me ouvir?


Diga-me que você é meu amigo, e que não nos tornamos inimigos. 
E que amanha tudo estará bem
Diga-me tudo o que eu preciso ouvir.